Livro: "666 O selo da BESTA"


O escritor paraense Leopoldino Ferreira é o autor do polêmico livro "666 - O Selo da Besta”, lançado pela Editora Galo Branco. Na obra, ele aborda temas da Igreja Católica discutidos e até mesmo deturpados ao longo dos séculos, além de símbolos e demais crenças religiosas derivadas do Cristianismo.

Leopoldino nasceu em Santarém, é doutor em Física pela Universidade Federal do Pará, onde coordenou o curso de mestrado em Física antes de se aposentar e começar a carreira de escritor. Leitor da Bíbiia desde a juventude, com o passar dos anos ele desenvolveu uma pesquisa histórica e filosófica para compreender os erros de interpretação do livro, que segundo Leopoldino, desviaram a Igreja do caminho descrito pela Bíblia.

No livro "666 - O Selo da Besta", Leopoldino faz reflexões em torno do Apocalipse e suas relações com os dias atuais, mostrando que muitos dos sinais descritos no livro sagrado podem estar se manifestando na Terra sem que a maioria das pessoas tenha consciência disso. Guerras, catástrofes naturais e a escalada da violência são os sinais mais evidentes, defende ele.

Leopoldino acredita nas três entidades - Pai, Filho e Espírito Santo - porém se mostra cético em relação á maneira como a crença nessas entidades é colocada por diversas religiões. "Não sou seguidor de nenhuma religião, tenho a minha crença nas três entidades, mas nesse livro eu discuto e mostro com fatos históricos como muitas passagens do Evangelho foram distorcidas pela própria Igreja, Uma seqüência de erros que comprometeu a interpretação da Bíblia. A Igreja católica, ao longo de sua história, é uma das maiores responsáveis por essas mudanças, tendo como principal instrumento os famosos Concílios - 21 ao todo - que por muitas vezes serviram a interesses políticos e econômicos de reis, príncipes e do próprio alto clero", conta Leopoldino.

Uma das maiores criticas do professor tem como alvo as declarações da Igreja. Para ele, o Papa Bento XVI dizer que a religião católica é "única e verdadeira" é uma ofensa a todos aqueles que lêem, estudam, pesquisam e acreditam na Bíblia, “É um absurdo ouvir um tipo de declaração dessa vinda de uma instituição que desde a sua origem está cheia de erros. Se prestarmos atenção ao texto, toda essa estrutura eclesiástica que vai do Papa ao padre é totalmente desnecessária”, critica.
Dentre os erros citados, Leopoldino inclui as manifestações em torno da adoração de imagens, o culto às autoflagelações praticadas por fiéis em peregrinações e até mesmo os falsos milagres. “Alguns destes milagres ditos reais, declaradamente comprovados como manifestação sobrenatural, têm grandes chances de ser uma manifestação”.

demoníaca, que surgem para ludibriar os povos".Até mesmo a manifestação de espíritos descrita no Espiritismo está incluída nestas "manifestações demoníacas" descrita nos textos bíblicos. Porém, antes de qualquer apontamento acerca do tema, o professor se preocupa em citar cada fonte histórica com o máximo de informações e bibliografias.
Apesar das discordâncias na interpretação dos textos bíblicos, o autor não deixa de destacar que a religião não define o caráter de ninguém e que ele conhece "ótimas pessoas católicas e de outras religiões".

"O fato de uma pessoa ser católica, espírita ou de qualquer religião não influencia diretamente no seu caráter. Tenho vários amigos e conheço pessoas muito boas, realmente íntegras, das mais variadas religiões. A minha crítica é somente em relação ao modo como a religião católica e suas derivações foram deturpadas com o passar do tempo", finaliza o professor.
Na análise do livro, o professor ainda inclui estudos do filósofo René Descartes, famoso não só por seus conhecimentos teóricos em relação ao pensamento humano como também no campo da matemática, convergindo ciência e religião.

PERFIL - Leopoldino Ferreira nasceu em Santarém. É doutor em Física pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde lecionou e coordenou o curso de mestrado em Física. Após aposentar-se, começou sua carreira como escritor. Lançou o romance "Sedução Fatal", em 2006, pela editora Paka-Tatu, que mereceu uma resenha no site polonês "Gazeta Wyborcz", e no ano seguinte, "Suzanes - Sem o Pote de Manteiga, Crônica dos Crimes no Brasil Atual", pela Editora Galo Branco, na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Diário do Pará
Caderno D

Edição de 20/10/2008
Citação: UFPA

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